Monday, April 13, 2009

Fim-de-semana cinematográfico II - "A turma"


Também este fim-de-semana vi o filme "A turma". O filme é todo passado dentro de uma escola nos arredores de Paris, onde os conflitos próprios da idade, da diferença de culturas e da falta bases na educação que deveria ser trazida de casa, tornam o dia a dia de professores, num processo complicado, que passa pela mediação e vai até à sobrevivência e sentido de impotência.
O tema coincidiu mais ou menos com um artigo que li na Única, sobre a Educação, sobre como ser mediador e como dar educação, como diz o psicólogo espanhol Guillermo Ballenato, que escreveu o livro (que eu gostava de ler) "Educar sem Gritar", "Faltam regras e limites às crianças de hoje". E este filme fez-me real confusão; pensar que aquilo é o que têm que passar todos os professores hoje em dia.
Numa altura em que os pais saem de casa cedo, deixam as crianças na escola e quando voltam só há tempo para banhos, jantar e cama, onde há tempo para educar, para passar valores?
E como não há tempo em casa (e já não falo das situações em que em casa também não há valores a passar - isso vê-se nos pais que acabam a agredir os professores), espera-se que se consiga fazer valer o tempo de escola e de aulas.
Agora pergunto eu, numa turma com 30 alunos, com o programa pela frente e com as perdas de tempo que acontecem quando há distracções, idas à casa de banho, perguntas impertinentes, como é que um professor consegue fazer face às necessidades de cada aluno, escolar e educacionalmente?
E posto isto, como fazer que os alunos tenham algum sentido de hierarquia e de respeito? Já quando eu andava na escola, os castigos eram uma anedota (e nós não éramos, nem uma sobra do que são agora os miúdos); faltas, participações ao CD, falavam com os pais, e no topo dos castigos a suspensão.
Ora a suspensão, o que faz a suspensão? Faz com que os miúdos deixem de ter, por quantos dias o castigo durar, de ir à escola, ou seja, como os pais também não estão em casa para os vigiarem, são dias de férias, onde se faz o que apetece! Como é que assim alguém aprende seja o que for?
Não vejo maneira de contornar isto nos tempos mais próximos, está tudo mais preocupado em fazer com que os professores se encham de papelada do que em fazer com que a escola seja um lugar seguro, e agora não estou a falar só para as crianças, mas também para os professores e demais pessoas que lá trabalham.

1 comment:

Marta said...

Curiosamente só vi o filme este fim-de-semana, as questões que o filme aborda incomodam, mas mais uma vez, e também como as questões que tu levantas no post, ficam sem resposta.

O que é que se anda a fazer com a integração, com a educação, com as crianças e as famílias deste Portugal "tão nacionalmente internacional"?
Resolvem-se situações a curto prazo que explodem, evita-se pensar o futuro, porque ele parece assustador e acredita-se que a coesão social vai acontecer através de um passe de magia.

Fico cansada de ver tanta incompetência e irresponsabilidade.