Thursday, February 25, 2010

Por partes


Ontem vi o "Nas Nuvens" e como tirei tantas coisas do filme, vou falar delas por partes, em posts separados.

Hoje não vou falar da tal mochila, já vários posts foram feitos sobre ela, e sobre o que cada um levaria lá dentro, vou falar antes de como cada vez mais há pessoas que levam cada vez menos nessas mochilas, que cada vez mais se distanciam do resto das pessoas, que levam as relações numa base superficial e não são só as relações amorosas, mas todas as relações interpessoais, mesmo com a família e os amigos. Passam a ideia que o que levam desta vida é o que vivem, independentemente da companhia que têm em cada momento, e que essa companhia está lá um bocado por acaso, porque o essencial, são eles próprios e as suas necessidades.

Não é difícil encontrar, como o personagem principal da história, pessoas que prefiram que ninguém esteja por perto, que fazem a vida no meio de pessoas, mas que não sabem, nem querem saber nada delas, assim como não têm necessidade que se saiba nada delas próprios.

Acho que esse tipo de pessoa acaba por ter quase que um iman, porque nós, seres humanos, temos o nosso quê de masoquistas e mais depressa damos atenção a quem não "está nem aí" para nós, do que aos que estão sempre por perto... Bem, mas isto já são outros 500.

Resumindo e concluindo, estas pessoas que parece que vivem dentro de uma bolha existem e são felizes assim, não sei como, é certo, mas são. Agora, nunca tiveram, ou terão, necessidade de um/a co-piloto/a?

15 comments:

Anonymous said...

Sou como a personagem do filme, vivo entre outros procurando não ter ligações mais exigentes do que boa tarde e bom dia; e sou feliz assim, porque de outra forma seria penoso.
Já vivi no campo e aí achei penoso, pois as pessoas necessitam de contacto, interacção e isso cansa-me; na cidade é-me mais fácil ser anónimo, não por acaso que desconheço o nome dos vizinhos do meu andar, ainda que conheçam o meu.
Quanto a co-piloto, aceito e procuro co-piloto em doses regradas, o que nem sempre é aceitável para a outra parte...e assim se passa o tempo...e assim se passa uma vida feliz.

Miss Kin said...

Anónimo (por vontade própria ;) ), há uma parte de mim que gostaria de ser assim, desapegada das pessoas, aqui no meu prédio não sabem o meu nome, assim como não sei o deles, mas preciso de muito contacto com as pessoas e acho que a vida só vale a pena ser vivida com elas, o que faz com que na grande maioria das vezes me desiluda. A tua filosofia de vida é sem dúvida bem mais leve e com menos chatices!

Anonymous said...

Não é bem uma questão de escolha, mas a solução menos penosa. É uma mistura de asperger e misantropia, e como a sociedade só reconhece o grupo, o somatório de duas pessoas (jantar fora, cinema, etc) torna-se curioso por vezes esta dualidade.
Opto por desportos individuais, o meu trabalho exige de mim monossílabos, e a convivência laboral não ultrapassa as 3 horas.
Já estive em relações em que tentaram domesticar-me, mas fui muito infeliz, e agora não.
Não deixo de ter familia (nuclear,o resto não assumo como familia)amigos tenho 2 ou 3 em doses espaçadas, e pouco exigentes (3 em 3 meses minimo), que muito gosto, em doses regradas.
Quanto às pessoas desiludirem-me, nunca soube o que é isso :)

Miss Kin said...

Ainda bem que nunca me apaixonei por ti! :P

Nesta altura acho o teu modo de vida uma bênção, o não precisares de ninguém para ser feliz. Gostava muito...

Anonymous said...

:) pois...sou muito cuidadoso nas minhas manifestações, de modo a não surtir interesse alheio...isto quando estou em modo celibatário.
Ao longo do tempo fui criando regras: nada no trabalho, no meu prédio, no meu bairro, enfim fruto de más experiências.
Como deves prever nem tudo são rosas...muitas vezes as pessoas cansam-se de tanto desprendimento e como forma de se protegerem, o que compreendo, afastam-se.
Em tempos perguntaram-me se me lembrava dos nomes de todas as namoradas (idade adulta), ao tentar-me recordar-me faltou-me uma e ainda hoje vejo a cara mas o nome não; nem imaginas o escândalo que foi tamanho lapso.
Não é por mal, mas acontece-me...já para não falar nas pessoas que deixo de falar por serem muito necessitadas ou de algum modo pressentir que venham a ser carentes... lá tenho de cortar pela raiz...cold turkey.
Enfim há chatices em todas as vidas, e não dá para ligar e desligar o que nos daria mais jeito, de modo a não sofremos.
Resta-me desejar-te que esse estado seja de pouca duração ou que de algum modo o vejas satisfeito.

Miss Kin said...

Agora é que disseste tudo, há problemas em todas as escolhas de vida... Nunca nada é perfeito.
Mas as tais situações das pessoas se afastarem, nessa tua condição, não te deve fazer muita diferença, ou faz?

Anonymous said...

Não muita, pois a ligação será sempre mais do outro lado do que do meu. No ginásio onde vou, há mais de 1 ano, vi no inicio varias tentativas para criar laços, com os instrutores e outros mais assiduos, para além do bom dia e boa tarde, mas como não cedi, passei a ser invisivel, olham em angulos de 45 º, e até compreendo; chega haver dias onde nem ao bom dia ou boa tarde recebo resposta, o que não me afecta muito, pois ao menos disse-o, e assim fico de consciência tranquila.
Tenho pessoas que levam a peito, pois pensam ser algo pessoal; mas explicar seria ainda mais trabalhoso, e a solução é deixar que façam birra ou deêm indiferença, que ao fim de algum tempo cansa e assim podem seguir em frente.
O ser humano tem destas coisas, por vezes pensa que o mundo gira à sua volta, nada que o tempo e alguma paciência não resolva.

Miss Kin said...

És uma pessoa curiosa. Acho que não conheço ninguém assim.

Anonymous said...

Uma ex-namorada dizia que não era normal, ao que respondia que ninguém o é.
É uma forma simpática de expressar o mesmo sentido.
Tenho 34 anos e sou um ser humano funcional, bem sucedido na minha àrea, tenho interesses e hobbies que tem a caracteristica de serem imaginados e depois concretizados, daí os sonhos nunca a o chegarem a ser como algo inatingivel, acredito pouco no impossivel como barreira.
Passei a minha infância e adolescência observando o ser humano, e agora em adulto facilmente imito um ser sociavel, quando a ocasiao o pede e impõe, mas no meu tempo dispenso imitações.
Não sofro de nenhuma deformação grosseira,e possuo medidas e formas nórdicas, onde puderá haver diferença é na minha forma de viver e como não me relaciono com os outros, ainda para mais num país mediterrânico.
Poderei ser arrogante ao ponto de dizer que muitas vezes o que outros pensam sobre mim, entra a 100 e sai a 200...mas haverá sempre um desconforto inicial e uma adaptação posterior.

Nádia said...

A vida com co-piloto é boa, muito boa.

Mas temos de aprender a conduzir a vida sozinhos antes de aceitar um co-piloto nela. Pelo menos penso assim!

Sadeek said...

Kin...que posso dizer? Isto cada um é como cada qual. Eu tenho fases...por vezes adoro estar no meio da multidão e interagir....por vezes quero e estou "sozinho"...

Enfim, acho que sou como toda a gente, né?

BEIJOOOOOOOOOO

Miss Kin said...

Ui Anónimo, essa história do ser normal, tem muito que se lhe diga...
Quanto ao teu modo de vida, se funciona para ti, óptimo. Mas não consigo deixar de pensar que uma vida tão controlada e pensada, acaba por ser pouco sentida e faz de ti uma espécie de autómato, que quando necessita de ser um ser social, também o sabe ser, por muito que só o seja, porque interessa de alguma forma... Enfim, escolhas. O que interessa mesmo é o que funciona para cada um de nós, porque senão a vida torna-se ainda mais complicada.

nCoisas, também acho isso, mas com co-piloto tem todo um outro sabor, principalmente nesta idade em que somos muito exigentes com quem deixamos estar connosco no nosso caminho.

Sadeek, como toda a gente não, como a maioria talvez, ou talvez não, não és como o anónimo lá de cima, que não tem necessidade de interagir com a multidão. Eu nunca tenho necessidade de estar sozinha, estou todos os dias quando vou dormir, ou sem ser nessas ocasiões, existem sempre alturas em que tenho que o estar, deve ser por isso que não sinto essa necessidade.

Mári len said...

se cresceres sem co-piloto e cresceres na "ignorância", não faz falta e vives feliz com as tuas coisas :)!senti-me bastante compreendida no filme btw....já n preciso de ser ssoa!!!

Miss Kin said...

Vá Mári estavas a estudar para isso, agora vais deitar o curso fora??? :P

Mári len said...

faço nas calmas, por unidades capitalizaveis....;)