Friday, July 17, 2009

Recordações de Verão

A Visão desta semana tem uma reportagem sobre as recordações de Verão de algumas personalidades portuguesas. Do Zé Pedro dos Xutos ao maestro Vitorino de Almeida, muitos são os que deixaram nestas páginas as suas memórias de infância e juventude, mas só uma teve o condão de contar a história mais snob e da maneira mais afectada, Maria Filomena Mónica.

Maria Filomena Mónica é socióloga e publicou mais de uma dezena de livros, mas o que mostra neste "remember" é que faz questão de não se misturar com o resto da sociedade que estuda, ou então só estuda um nicho social, a classe alta e de preferência aristocrática.

E o texto conta assim...

"Passei todos os meus verões, até aos 18 anos, nesta praia (Praia da Conceição, Cascais). Os meus pais alugavam casa em Cascais, durante um mês. Fazia-se uma verdadeira mudança da Rodrigo da Fonseca (artéria nobre de Lisboa) para lá; levávamos desde colchões e panelas a criadas (ai as criadas...). A água do mar era fria, mas adorava jogar ao prego, comer bolas-de-berlim e barquilhos, trocar risinhos com as raparigas, comentar os rapazes com elas e apresentar um fato de banho novo todos os anos (show off!) - embora a minha mãe me obrigasse a usar modelos muito púdicos, com decotes subidos e muitos folhinhos. Eu e a minha irmã Isabel, um ano mais nova, pertencíamos ao grupo dos descendentes da aristocracia. Estavam lá sempre os Mayer, os Arnoso, os Salgado, os Estarreja, os Espírito Santo, os Castro Caldas, os Paço d'Arcos, os Ferreira Pinto, os Deslandes e as Ribeiros da Cunha (quem é esta gente? Foram todos mencionados, portanto devem ser importantes...). Era o 'grupo' - fechado, mas afável com o exterior (que caridosos). Embora tenha perdido de vista muitas destas pessoas, guardo delas boas recordações. Nessa época ainda me cruzei com o actual rei de Espanha, a quem chamavam D. Juanito. Nunca falei com ele, mas via-o, d evez em quando, no barco dos Arnoso. O meu primeiro namorado foi um Lavradio (isso deve ser bom... e não, não era um terreno bom para lavrar). Ele pediu-me namoro e eu disse que ia pensar. Depois contei à minha mãe para ver qual era a sua reacção, mas percebi que se fosse com um Lavradio (lá está o que deve ser bom) podia desafiá-la à vontade. Acabei por dizer que sim. Só íamos à praia de manhã. Depois de almoçarmos em casa, éramos obrigadas a descansar. À tarde, já ninguém voltava à areia, íamos à Parada, um clube (s'pé) chique, de que não era sócia (cruzes canhoto!), mas onde podia entrar, com as minhas amigas"

in Visão nº853

1 comment:

Kitty Fane said...

Oh God! Como dizia o outro - Não havia nexexidade. :-S